Cícero é lembrado com carinho. Brincalhão com colegas e pacientes, ele chegou a conversar com os amigos sobre os desafios trazidos pelo coronavírus poucos dias antes de ser internado, em 14 de abril.
Dois dias depois, ele falou com o tenente Godói, por telefone, sobre seu estado de saúde. O amigo diz que ele parecia bem, embora demonstrasse uma breve falta de ar na fala. A notícia da morte surpreendeu a todos.
“Realmente pegou de surpresa. No final de semana a gente estava tomando café, na semana eu soube que ele tinha passado mal, mas conversamos e ele falou que estava bem, se recuperando. Depois veio a surpresa de que se agravou o quadro dele”, comenta Everton.
Rodrigo Romão, diretor do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, conheceu Cícero em 2009, quando trabalharam juntos na Santa Casa de Mogi. Hoje, atuando no Hospital Municipal de Brás Cubas e em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), estava acostumado a receber o enfermeiro que levava pacientes pelo Samu.
Ele destaca o profissionalismo do amigo, com quem compartilhava o mesmo sobrenome. “O Cícero era um cara bastante atuante na emergência da Santa Casa. Ele gostava do que fazia e era um excelente profissional. Ele chama Cícero Romão, mas não é nada da minha família. A gente até brincava um com o outro que a gente era primo. A gente se cumprimentava como primo”, relembra.
Para Rodrigo, que se isolou na própria casa e não vê a família há mais de 30 dias, a morte do amigo traz à tona o medo que envolve a luta dos profissionais da saúde na guerra contra a Covid-19. No entanto, ele diz que isso faz parte do trabalho.